16 de novembro de 2010

guilt.


o despertador toca.
já é de manhã? merda... que dor de cabeça infernal. 
olho em volta. como fui aqui parar? estou vestida. porque é que estou vestida?
levanto-me e vou tacteando as paredes brancas do meu quarto escuro até à casa de banho. 
engulo a seco. tenho sede, tenho tanta sede. abro a torneira e bebo a água tépida servida nas minhas mãos.
olho-me ao espelho. assusto-me e recuo um passo. a minha cara, os meus olhos.. o que é que se passou? merda..não me lembro de nada.
olho fixamente o rosto que não reconheço: o olhar perdido e negro que vai ficando turvo e vazio. 
perco a visão e os meus ouvidos ampliam o silêncio ensurdecedor em que está presa a minha mente. de repente ouço sirenes, ouço carros a buzinar, pessoas que gritam por ajuda, uma confusão inexplicavelmente familiar. 
recupero a visão e perco momentaneamente os sentidos. 
ainda atordoada pela experiência extra-sensorial que acabo de viver, agarro-me ao lavatório e molho a cara com àgua fria. não consigo entender.. o que se passa? os meus olhos vermelhos,  banhados em pequenas lágrimas geladas são espelhos do terror que sinto cá dentro. não percebo, não consigo entenderbebi? não me lembro de ter bebido. não, não bebi. o meu hálito não tem o travo bafiento com que acordo depois de beber. 
preciso de sair de casa. volto ao meu quarto escuro e agarro na carteira. preciso de sair de casa. 
abro a porta da rua. merda, está frio...não quero saber. a claridade da manhã fere-me os olhos e o latejar da minha dor de cabeça ainda me incomoda. sinto uma estranha agonia ansiosa cuja origem não consigo identificar ainda. quero ignorá-la, mas não consigo.
vou andando, sem destino. preciso de ir andando.

(continua...)

Um comentário:

Camanchy disse...

Será que estou a ver mal ou falta aqui uma frase qualquer sobre um cofre para o qual ela não tinha a chave...
lol
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